Rolling Stone: Entrevista traduzida com M. Shadows
M. Shadows foi entrevistado pela Rolling Stone, pra falar sobre o novo álbum "The Stage". Confira a entrevista traduzida, na íntegra:

Por que lançar um álbum de repente sem nenhum aviso?
Bem, cara, muito disso tem a ver com tédio (risos). Todo mundo vai lançando migalhas, tendo quatro ou cinco singles antes do álbum ser lançado. Isso tira completamente o mistério do álbum; quando finalmente é lançado, você já fez 50 entrevistas sobre o assunto do álbum e como ele vai soar. É 2016; a atenção das pessoas é muito curta nessa altura, quem tem tempo pra três meses de espera?
Você tem cinco caras aqui que estão cansados disso; então pra nós, é sobre deixar o hype bem curto, e executando em todos os níveis. Aqui está o álbum - nós gastamos muito tempo nisso, e está disponível pra vocês agora. E agora todos podemos aprender sobre o album juntos, depois que você escutar ele, em vez de escutar todas essas coisas sobre ele enquanto nós estamos soltando migalhas pra vocês. Nós falamos, "Sem bobagem dessa vez - nós vamos fazer tudo o que queremos fazer, desde o show ao vivo até o merch, desde como nós o resentamos e como nós o lançamos."
Sua antiga gravadora, Warner Bros., anunciou semana passada que eles vão lançar uma coleção de "Greatest Hits" do Avenged Sevenfold em Dezembro. Vocês mudaram a data de lançamento de The Stage por causa desse anúncio?
Não - Eu soube desse álbum da Warner na sexta passada, o mesmo que você. Foi uma surpresa pra nós, mas isso tudo foi feito desde Agosto. Chris Jericho fez uma postagem fake sobre o álbum sair no dia 9 de Dezembro, só pra despistar as pessoas; eu e ele estávamos rindo disso no dia seguinte, porque todo mundo pegou aquilo como um fato.
Tem sido bem difícil fazer isso desse jeito, porque nós entendemos que fãs de rock querem lançamentos físicos, e também digitais - eles querem comprar o CD, eles querem o vinil. Nós originalmente dissemos, "Lança apenas digitalmente. Todo mundo tem Spotify, todo mundo tem serviço de stream". Mas nós percebemos que isso iria chatear alguns fãs, então decidimos fazer um lançamento ao contrário de Radiohead, ou Beyonce ou Kanye, onde tem uma cópia física do produto nas lojas no primeiro dia. Então, respeito a Capitol por tentar empreender essa coisa, especialmente internacionalmente. É insano.
Musicalmente e liricamente, The Stage é muito mais ambicioso que Hail to the King. Qual foi a intenção?
Nós meio que chegamos a um ponto da vida que nós não queremos lançar algo só por lançar. Nós realmente não queremos ficar tipo, "dois anos se passaram. Você teve seu intervalo; agora faz outro álbum e lança." Nós precisamos esperar alguma coisa que realmente inspirasse a gente, e é por isso que o álbum demorou um pouco pra ficar pronto.
As músicas do álbum giram em torno do assunto de inteligência artificial. O que fez vocês se interessarem nesse tópico?
Alguém me mandou um artigo sobre isso que foi escrito por Tim Urban no site Wait but Why - e foi quando eu parei e falei "OK, eu preciso aprender sobre isso!" Eu senti como se isso fosse uma daquelas coisas que nossa geração vai ter a resposta, eventualmente, e eu queria me educar sobre isso. Então eu decidi ler muitos artigos - Eu li muitas coisas de Sam Harris, e escutei muitos podcasts que ele fez sobre inteligência artificial e o que isso poderia significar. Eu comecei a ver opiniões diferentes, desde Mark Zuckerberg até Elon Musk até Stephen Hawking...
Quanto mais eu leio sobre isso, quanto mais eu fico confuso sobre isso, eu penso, "Quer saber? Eu realmente quero falar sobre isso!" É algo que vai ser um problema no futuro, pros nossos filhos e os filhos de nossos filhos; e se nós tivermos uma voz que possa ser ouvida do topo da montanha, Eu quero que isso seja uma dessas coisas que talvez possam educar nossos fãs um pouco - ou talvez inspirá-los a educar eles mesmos. Eu conversei com os outros caras (da banda), e nós todos começamos a conversar e pensar sobre essas grandes questões. Nós ficamos tipo, "Cara, esse é o álbum! Nós vamos lançar uma obra de arte, e tem que ser sobre isso, porque isso realmente tá nos dizendo alguma coisa agora!"
Então os outros caras não ficaram tipo, "Cara, chega dessa merda de inteligência artificial!"?
Não (risos). Eu acho que quando eu mostrei pra eles coisas de um ponto de vista realista e científico, foi muito menos ameaçador do que se eu chegasse falando, "Ei, vamos escrever um álbum sobre o Pé Grande!" Ou, sabe, uma coisa doida sobre teoria de conspiração, essas coisas. Quanto mais eu mostrava coisas pra eles, eles começavam a ler sobre isso. E então do nada, isso tava inspirando riffs, tava inspirando estruturas originais pras músicas, isso nos deu a liberdade de perseguir várias coisas...
Então, sim - nós queríamos escrever sobre inteligência artificial, não tipo ficção científica, não de um jeito "Exterminador do Futuro", mas mais tipo, um jeito científico. O álbum fala sobre coisas que estão bem próximas e que podem possivelmente mudar o mundo. Nós temos esse desejo de saber as respostas pras grandes questões sobre espaço e porque estamos aqui; nós não podemos evoluir tão rápido pra descobrir essas respostas por nós mesmos, mas nós podemos fazer isso através de inteligência artificial. Mas também tem várias desvantagens assustadoras que poderiam aparecer se nós não tivermos precauções de segurança.
Você pode me dar um exemplo?
A música "Paradigm" fala sobre nanorobôs - e como eles podem potencialmente ser usados pra curar doenças e ajudar você a viver pra sempre. Mas quanto de "ser humano" você seria nesse ponto? Se você é 70% máquina e 30% humano, você vai se perder? Ou uma música tipo "Creating God" - computadores estão ficando mais inteligentes e mais inteligentes, e do nada eles tão virando seu Deus; eles são muito mais inteligentes que você, você é um macaco pra ele, ou formiga. E aí a segunda metade do álbum fala sobre espaço, e exploração do espaço, e como nós nos tratamos como seres humanos - como nós nunca olhamos pra perspectiva de outra pessoa, porque nós só vemos a nossa.
Neil deGrasse Tyson faz uma participação no final de "Exist". Como isso surgiu?
A música veio de uma ideia de querer fazer uma réplica do Big Bang de um jeito heavy metal, tipo, "Ok, isso é como deveria soar quando aconteceu!" É tipo uma grande obra clássica. Nós amamos The Planets do Gustav Holst, mas ninguém falou sobre o Big Bang, então nós falamos! Eu queria que fosse toda instrumental, mas Brian (Synyster Gates) ficou tipo, "Bom, eu acho que deveria ter voz na música." Então nós nos comprometemos tipo, "Ok, quando a voz começa, é a Terra - é a primeira vez que a vida começa depois do período do Big Bang". Originalmente, eu queria usar uma gravação do Carl Sagan lendo uma parte de Pálido Ponto Azul, mas eles não estão deixando as pessoas usarem isso. Então nós contatamos Neil.
Vocês tiveram alguma dificuldade em falar com ele?
Não, ele foi muito legal. Nós o explicamos que queríamos educar nossos fãs, e que nós queríamos uma voz da ciência em uma forma artística, e ele ficou tipo "Sim - se é pra educação, então vamos fazer!" Ele pediu pra lermos um monte de esboços que ele usou no Planetário Hayden, e acharmos pedaços que nós quiséssemos que ele pegasse. Nós encontramos algumas coisas que gostamos, e nós nos falamos por telefone algumas vezes até o ponto que todos nós estávamos felizes com isso, e aí ele fez isso pra gente.
Como foi trabalhar com o produtor Joe Barresi no álbum?
Nós o amamos. Tudo que ele colocou na mesa foi muito perspicaz; ele tava tipo, "Por que você afinaria seus vocais? Você sabe cantar! Por que colocar samples na bateria? Brooks sabe tocar!" E a gente ficou tipo, "Sim! Você está certo!" Então nós fizemos no estilo dele, e eu acho que esse é o nosso estilo agora. Eu amo - é cru e é doido, e é real! Não tem samples de bateria, não tem afinação de voz, não tem nada disso.
É irônico que o seu álbum sobre inteligência artificial seja na verdade o seu álbum mais "humano" em mais de uma década.
Totalmente! (Risos) Eu acho que quando as pessoas ouvem que é um álbum sobre inteligência artificial, eles pensam, "Ah, eles tão cheios de eletrônico e techno!" Mas musicalmente, nós quisemos que as pessoas sentissem ele bem cru.
Vocês vão tocar várias músicas do The Stage na sua próxima turnê?
Com certeza. Nós estamos construindo um palco baseado nisso desde Julho, ou talvez Junho; nós contratamos uma empresa que fez coisas pro Cirque du Soleil, e nós estamos tentando fazer coisas que nós nunca vimos uma banda fazer. Nós vamos tentar nos afastar de fogo e coisas explodindo, e fazer um show que se move originalmente em sobre essas ideias que temos pra esse álbum. Nós estamos tentando pegar esse álbum e o transformar na nossa versão de The Wall do Pink Floyd - É um evento, não só um show.
Parece que vocês estão realmente se divertindo muito com isso.
Cara, tem sido ótimo. Vocalmente e musicalmente, nós "saímos muito" nesse álbum - se nós aparecêssemos com algo que fizesse a gente rir, a gente colocava no CD. Nós rimos durante todo o (making of) City of Evil, então eu acho que isso é um bom sinal; é tipo, ou as pessoas vão amar ou eles vão odiar, mas você tem que lançar. Digo, todos os meus favoritos são assim. Ouve aquele álbum novo do Bowie - é um álbum brilhante, mas é tão "fora", e é por isso que é arte! É tão animador pra nós lançarmos algo como isso e ficar completamente, 100 porcento satisfeitos com isso. E ainda fazer toda essa coisa secreta, é realmente divertido. Nós estamos curtindo muito!